诗人 人物列表
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奥里维拉 Carlos de Oliveira埃乌热尼奥·德·安德拉德 Eugénio de Andrade
埃乌热尼奥·德·安德拉德 Eugénio de Andrade
诗人  (1923年2005年)

诗词《诗选 anthology》   

阅读埃乌热尼奥·德·安德拉德 Eugénio de Andrade在诗海的作品!!!
  主要作品有《手与果实》(1948)、《水的前夜》(1937)、《没有钱的情侣》(1950)、《禁止的话语》(1951)、《一日之计》(1958)、《九月的大海》(1961)、《奥斯蒂纳托》(1964)、《大地走笔》(1974)、《鸟的门槛》(1976)、《关于这条河的回忆》(1978)、《阴影的重量》(1982)、《白色上的白色》(1984)、《新生》(1988)、散文集《寂静的流动》(1968)、《脆弱的面孔》(1979)以及诗歌翻译作品等。除了现代主义诗歌先驱费尔南多•佩索阿(1888-1935)之外,安德拉德是20世纪以来被国外译介最多的一位葡萄牙诗人。


  Eugénio de Andrade, pseudonym of José Fontinhas, GOSE, GCM (Póvoa de Atalaia, Fundão, 19 January 1923–Porto, 13 June 2005), was a Portuguese poet. He is revered as one of the leading names in contemporary Portuguese poetry.
  
  His poetry is most striking for the depth of his short poems. One of Eugénio de Andrade's most known poems is his Poem to Mother.
  
  Poema à Mãe
  No mais fundo de ti,
  eu sei que traí, mãe!
  Tudo porque já não sou
  o retrato adormecido
  no fundo dos teus olhos!
  Tudo porque tu ignoras
  que há leitos onde o frio não se demora
  e noites rumorosas de águas matinais!
  Por isso, às vezes, as palavras que te digo
  são duras, mãe,
  e o nosso amor é infeliz.
  Tudo porque perdi as rosas brancas
  que apertava junto ao coração
  no retrato da moldura!
  Se soubesses como ainda amo as rosas,
  talvez não enchesses as horas de pesadelos...
  Mas tu esqueceste muita coisa!
  Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
  que todo o meu corpo cresceu,
  e até o meu coração
  ficou enorme, mãe!
  Olha - queres ouvir-me? -,
  às vezes ainda sou o menino
  que adormeceu nos teus olhos;
  ainda aperto contra o coração
  rosas tão brancas
  como as que tens na moldura;
  ainda oiço a tua voz:
  Era uma vez uma princesa
  no meio de um laranjal...
  Mas - tu sabes! - a noite é enorme
  e todo o meu corpo cresceu...
  Eu saí da moldura,
  dei às aves os meus olhos a beber.
  Não me esqueci de nada, mãe.
  Guardo a tua voz dentro de mim.
  E deixo-te as rosas...
  Boa noite. Eu vou com as aves!
  
  Poem to Mother
  In the deepest of you,
  I know I have betrayed, mother!
  All because I no longer am
  The sleeping portrait
  In the depth of your eyes!
  All because you ignore
  That there are beds where coldness doesn’t linger
  And rustling nights of morning waters!
  For that, sometimes, the words I tell you
  Are hard, mother,
  And our love is unhappy.
  All because I’ve lost the white roses
  You clenched to your heart
  In the portrait with the frame!
  If you knew how I still love the roses,
  Maybe you wouldn’t fill your hours with nightmares...
  But you have forgotten many things!
  You have forgotten that my legs grew,
  And that all of my body has grown,
  And even my heart
  Is now huge, mother!
  Look – do you want to listen? -,
  Sometimes I am still the little boy
  That fell asleep in your eyes;
  I still clench against my heart
  Roses so white
  As the ones you have in the frame;
  I still hear your voice:
  Once upon a time there was a princess
  amidst the orange trees...
  But – you know! – the night is enormous
  And all my body has grown...
  I left the frame,
  I gave my eyes as water to the birds,
  I shan’t forget, mother.
  I keep your voice inside me.
  And I leave you the roses...
  Goodnight. I go with the birds!
    

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